Comentários de Adrian Cowell sobre seu acervo de filmes da Amazônia

Um acervo fotográfico ou fílmico registra um número de eventos não relacionados que, freqüentemente, são testemunhos de uma variedade de temas. Porém, o que acho notável, sobre o que o acaso registrou nestes documentos, foi a imensa transformação da Amazônia nos últimos 50 anos.

Há 50 anos, era inconcebível que a humanidade pudesse ameaçar a floresta. Referia-se à Amazônia como o “Inferno Verde” e era vista como uma enorme força elementar da natureza que, por puro capricho, matava ou poupava os homens que ousavam penetrá-la. Quando cheguei a este país, embora o presidente Juscelino Kubitschek estivesse iniciando a construção de Brasília e começando a abrir a Amazônia por terra – através de estradas como a Belém-Brasília e a BR-364 para Porto Velho – parecia inconcebível que a Amazônia pudesse chegar a correr tamanho risco, que fosse preciso proteção da polícia ambiental em helicópteros; ou mesmo que precisasse de um Fundo Amazônia para dar incentivos e impedir que a floresta fosse derrubada. Contudo, o que o acervo registrou foi a maior incineração de matéria orgânica feita pelo homem na história do mundo.

A EXPEDIÇÃO DE OXFORD E CAMBRIDGE À AMÉRICA DO SUL

A primeira vez que vim ao Brasil, em 1958, foi com cinco outros ex-estudantes, viajando em três jipes Landrovers doados pela companhia Rover. Estávamos rodando quatro filmes de meia hora, para uma série da BBC chamada "Adventure", produzida por David Attenborough e Brian Branston. Os filmes foram montados por Larry Toft.

A filmagem era feita em 16 mm, em rolos de 100 pés de Kodachrome positivo em cor, com uma câmera Paillard-Bolex. (Infelizmente, não me lembro do nome do gravador de ¼ de polegada). A matriz original ficou guardada com nosso cameraman, Stanley Jeeves, que morreu de um ataque cardíaco ainda jovem. Não sabemos o que aconteceu com a matriz depois disso. Então, no acervo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, este é meu único filme na América do Sul, cuja matriz original (off-cut) não é mantida junto com o programa já montado e finalizado, como acontece com os outros filmes. Só temos o copião (cutting copies) em preto e branco, 16 mm e a banda sonora em 16 mm de quatro programas, conforme foram montados pela BBC. Há também uma compilação em cor de 15 minutos, produzida pela Pathé para os Clubes de Proprietários de Landrovers da Companhia Rover.

A expedição começou em Georgetown, Guiana Inglesa, em 1957 e subiu uma trilha usada para levar o gado até a costa, através da floresta. Nenhum veículo havia completado esta viagem antes, pela floresta do litoral da Guiana. Com os três Landrovers – especialmente equipados com guinchos, roldanas e outras ferramentas – levamos mais de três semanas para completar as 200 milhas. Finalmente, alcançamos as savanas de Rupununi, no planalto central da Guiana. Passamos os dois meses seguintes filmando a fazenda Dadanawa, de criação de gado, cujos vaqueiros eram índios Wapixána.

Em seguida, cruzamos a fronteira do Brasil no outono de 1957 e fizemos um filme sobre o Monte Roraima, em cujo cume nosso câmera, Stanley Jeeves, fraturou a perna. Levamos três semanas para conseguir retirá-lo de lá com um cavalo. Nossos Landrovers viajaram, então, dentro de uma variedade de barcos, barcaças e vapores movidos a roda d’ água para Manaus, Belém e São Luiz do Maranhão. Depois da malha de estradas de terra do Nordeste do Brasil, descemos pela costa até o Rio de Janeiro. Nessa cidade, tivemos a grande sorte de conhecer o Dr. Darcy Ribeiro, Antonio Callado e Dr. Noel Nutels, todos notáveis por suas contribuições para a cultura brasileira e amigos de Orlando e Cláudio Villas Boas. Foram estes amigos que nos disseram para filmar com os irmãos sertanistas.

Em 1958, a base dos Villas Boas na região do Alto Xingu era chamada de Posto Capitão Vasconcelos e, enquanto filmávamos nas aldeias ao redor do posto, Orlando e Cláudio me convidaram para juntar-me à sua expedição ao Centro Geográfico do Brasil. Quando a expedição Oxford-Cambridge seguiu viagem para o resto da América do Sul, eu fiquei mais sete meses no Xingu. E o que aprendi com os irmãos Villas Boas e os índios serviram de inspiração para a maior parte de meus trabalhos, nos próximos 50 anos, tornando-se também o tema de meu primeiro livro, "The Heart of the Forest" (O Coração da Floresta), publicado por Victor Gollancz em 1960 e Alfred Knopt em 1961. Para saber mais sobre a expedição, ver "The Tears of the Sun God" (As Lágrimas do Deus Sol), de John Moore, publicado por Faber & Faber, em 1965. 

Meu acervo de filmes foi doado à Pontifícia Universidade Católica de Goiás e chegou a Goiânia em Junho de 2008, cinqüenta anos depois de meu primeiro filme no Brasil.

SÉRIES

SÉRIE: DESTRUCTION OF THE INDIAN (A DESTRUIÇÃO DO ÍNDIO)

Esta série de três programas foi filmada durante sete meses em 1961, e transmitida pela BBC em julho de 1962.  Na mesma época e na mesma região do Alto Rio Xingu, também fizemos a série de dois programas sobre o desaparecimento, em 1925, do explorador inglês Cel. Percy Fawcett. O produtor destes programas da BBC era Harry Hastings e o montador, Keith Miller.

A filmagem foi realizada por Louis Wolfers, em 16 mm, rolos de 100 pés de Kodak Plus-X e Tri-X em negativo P&B, com uma câmara Paillard-Bolex. As fitas magnéticas de gravador de ¼ de polegada foram gravadas por mim num gravador Stellavox. Os filmes foram montados nos Estúdios Ealing da BBC, convertendo-se em programas de cerca de 26 minutos, produzidos por Harry Hastings e Keith Miller.

THE HEART OF THE FOREST (O CORAÇÃO DA FLORESTA)

Sobre as sociedades indígenas que foram reunidas na região do Alto Xingu, pelos irmãos Villas Bôas, para que fossem protegidas do constante avanço das fronteiras do nosso mundo industrializado.

THE PATH TO EXTINCTION (CAMINHO PARA EXTINÇÃO) 

A ameaça à sobrevivência das sociedades indígenas, representada pelos garimpeiros, caçadores e seringueiros que começavam a ocupar os arredores da região do Xingu.

CARNIVAL OF VIOLENCE (CARNAVAL DA VIOLÊNCIA)

Sobre as comunidades indígenas bem estabelecidas no Peru e na Bolívia, localizadas nos arredores do Lago Titicaca e filmadas durante seu período de carnaval.

 

SÉRIE: THE FATE OF COLONEL FAWCETT (O DESTINO DO CORONEL FAWCETT)

Esta série de dois programas foi filmada ao mesmo tempo que "A Destruição do Índio" e montada nos Estúdios Ealing da BBC, por Keith Miller e produzida por Harry Hasting. Foi transmitida na série "Adventure" da BBC, em outubro de 1962.

THE LOST CITIES OF ATLANTIS (AS CIDADES PERDIDAS DA ATLÂNTIDA)

O sonho do Cel. Fawcett das cidades perdidas da Atlântida e outras lendas sobre pirâmides e templos das fabulosas cidades decoradas a ouro e escondidas nas selvas da América Latina.

THE FATE OF COLONEL FAWCETT (O DESTINO DO CORONEL FAWCETT)

A história do desaparecimento do Coronel Fawcett, na região do Xingu, no Brasil e as expedições que tentaram localizá-lo.

SÉRIE:  THE DEVIL IN THE BACKLANDS (CULTOS DO SERTÃO)

Montado nos Estúdios Ealing da BBC, por Keith Miller e produzido por Harry Hastings, esta série foi ao ar como parte da série "Adventure" da BBC.

A filmagem foi realizada em 1963 pelo câmera Jesco von Puttkamer (cujo trabalho também está preservado na Pontifícia Universidade Católica de Goiás). Ele usou uma câmera Paillard-Bolex, com filme de 16 mm Kodak, preto e branco, com negativo Plus-X e Tri-X. A gravação foi feita por Adrian Cowell, com fita magnética de ¼ de polegada, num gravador Nagra.

THE FANATICS (ROMEIROS)

As grandes romarias de até 250 mil pessoas, no sertão do Ceará, Pernambuco e Bahia, compõem o começo deste programa, que enfoca o fanatismo dos cultos de flagelação, os curandeiros e milagreiros, assim como os violentos levantes de cultos messiânicos como, por exemplo, o de Canudos. Lá, os romeiros lutaram contra o cerco do exército brasileiro, literalmente, até a morte do último defensor de Canudos.

THE JANGADEIROS (JANGADEIROS)

Os corajosos jangadeiros de Caponga, uma aldeia do litoral, num banco de areia ao sul de Fortaleza. Eles abrem as velas e saem com as jangadas todos os dias, à brisa do amanhecer no alto mar do Oceano Atlântico, para pescar em arrecifes longínquos, agüentando firmes as ondas que varrem suas frágeis jangadas. O filme acompanha o que acontece quando uma jangada volta, ao vento da tarde, carregando o corpo morto de um dos membros da tripulação. Imediatamente após o velório e o enterro, o socialismo da aldeia cuida de sua viúva e filhos, mandando seu filho mais velho, de 11 anos, para o mar, na mesma jangada. Se ele conseguir sobreviver, no lugar de seu pai, receberá a mesma porção da pesca a que seu pai teria direito.

SATAN IN THE SUBURBS (OS FILHOS DE SANTO)

As religiões que cresciam mais rapidamente no Brasil, na década de 1960, se originavam das regiões da África de onde saíram os escravos que vieram para o Brasil. Nos subúrbios e favelas de Recife, o filme se concentra em Xangô e nos deuses e deusas africanos retratados como santos cristãos, tais como Ogum como São Jorge, e Iemanjá como Maria, a mãe de Cristo.

THE TRIBE THAT HIDES FROM MAN (A TRIBO QUE SE ESCONDE DO HOMEM)

Financiada pela ATV, para transmissão na Rede Britânica ITV, em 1970, a produção era da Nomad Films Ltd. O produtor-diretor era Adrian Cowell, a montagem de Keith Miller e os direitos no Brasil eram de Orlando e Cláudio Villas Bôas e seus herdeiros. Versões de 72, 66 e 60 minutos foram produzidas para diferentes mercados. O acervo em Goiânia tem a versão em língua portuguesa, com 66 minutos.

Levamos dois anos, entre 1967 e 1969, para filmar na floresta, entre o Rio Xingu e a Serra do Cachimbo, com os câmeras Jesco von Puttkamer, Charles Stewart, Chris Menges, Ernie Vincze e Richard Stanley se revezando na selva.  Filmavam com uma Arriflex ST e Arriflex BL, em 16 mm, filme Echtachrome positivo em cor. A gravação foi feita com um Nagra 3 e fitas de ¼, por Bruce White, Gareth Haywood e Adrian Cowell.

Os irmãos Orlando e Cláudio Villas Bôas eram os dois mais famosos sertanistas do governo brasileiro, que haviam liderado a expedição Roncador-Xingu, desde a década de 1940 até a de 1960. Haviam construído uma série de pistas de pouso de emergência, com sinalização por rádio, ao longo da floresta desconhecida, sob a rota aérea de Brasília a Manaus. Com isto, realizaram o primeiro desenvolvimento terrestre do Sul da Amazônia: muitas destas pistas de pouso tornaram-se até cidades de porte. Em 1967, um avião da Força Aérea Brasileira circulava no céu, preparando-se para descer na pista, quando viu índios desconhecidos se aproximarem do Posto Avançado da FAB, em Cachimbo. O avião fez um vôo rasante sobre o grupo. Os índios fugiram para a floresta.

Assim, começou um pânico nacional para “reforçar” a “base sitiada” com aviões vindos de toda a Amazônia. Um deles levantou vôo despreparado, com rádio e bússolas funcionando mal e acabou perdendo-se inevitavelmente durante a noite. Quando o combustível acabou, o avião caiu. Após uma longa e dispendiosa operação, para localizar o avião e os mais de 20 mortos, o governo designou os irmãos Villas Bôas para pacificarem a tribo. Os irmãos já haviam tido um acidente na aterrissagem de um pequeno avião, no planalto de Cachimbo, para evitar cruzar o território da tribo Kreen-Akarore. A reputação da tribo, de matar qualquer intruso, foi a razão pela qual a região entre as bacias dos rios Tapajós e Xingu manteve-se como uma das maiores áreas inexploradas da Amazônia.

O filme acompanha a expedição, à medida que os irmãos explicam sua filosofia e técnica de aproximação de uma tribo desconhecida, que não pode ser vista devido à densa folhagem da floresta, com quem não se pode falar porque ninguém sabe sua língua, e que mata todos os estranhos, inclusive índios, à primeira vista.

A expedição viaja rio acima, em direção à tribo, constrói uma pista de pouso e abre uma trilha ao longo de 60 km da selva que separa os rios, em direção ao rio dos Kreen-Akarore. Lá, abrem outra pista de pouso para suprimentos e fazem canoas para viajar rio abaixo, para a aldeia dos Kreen-Akarore. O grupo observa de perto a expedição, porém, como ela inclui 40 índios amistosos armados com fuzis, eles continuam escondidos dentro da floresta e se retiram da aldeia quando a expedição entra lá. Os índios da expedição seguem a trilha dos fugitivos até sua segunda aldeia. Porém, quando o grupo foge outra vez, os irmãos Villas Bôas decidem que, cada passo a frente da expedição será correspondido por um passo atrás dos Kreen-Akarore. A única maneira de entrar em contato com eles é deixar presentes em suas trilhas, sentar e esperar a decisão de se aproximarem.

O filme termina com Cláudio Villas Bôas – no início da longa espera – balançando-se devagar, para um lado e para o outro, em sua rede.

(A continuação deste filme é RETURN FROM EXTINCTION / FUGINDO DA EXTINÇÃO, exibido pela primeira vez em 1999. Relata o que aconteceu com os Kreen-Akarore nos 30 anos que se seguiram).

THE KINGDOM IN THE FOREST (O REINADO NA FLORESTA)

Este filme de 26 minutos foi rodado ao mesmo tempo em que "The Tribe that Hides from Man" e feito pela mesma equipe técnica e a mesma empresa produtora.

Usamos metáforas da Saga Nórdica e música de Villa-Lobos, para descrever a estranha sociedade formada por várias sociedades indígenas – reunidas no Xingu pelos irmãos Villas Bôas – na esperança de primeiro resistirem e depois sobreviverem, ao inexorável avanço da sociedade globalizada.

 

SÉRIE: THE DECADE OF DESTRUCTION (A DÉCADA DA DESTRUIÇÃO)

A série começou em janeiro de 1980 e sua primeira versão foi transmitida na rede ITV, no Reino Unido, pela Central Television, em 1984.  No princípio, foi filmada no Estado de Rondônia e, posteriormente, nas áreas de desenvolvimento mais acelerado da Amazônia. Mas, "The Storms of the Amazon" (Tempestades da Amazônia) e "The Mechanics of the Forest" (A Mecânica da Floresta) foram em grande parte rodadas em torno de Manaus e muitas seqüências foram filmadas em outras partes do Brasil. O foco inicial da série era o território dos índios Uru Eu Wau Wau, que estava sendo invadido por colonos. Eles recebiam, gratuitamente, lotes de 50 hectares de terra do departamento de reforma agrária do governo, o Incra.  Em 1982, o Banco Mundial emprestou cerca de 450 milhões de dólares, para aquilo que se chamou de Projeto Polonoroeste, convertendo o assunto em questão internacional, que seria fortemente atacada pelas ONGs.

Filmávamos em 16 mm, negativo da Eastman, com três câmeras Aaton (no caso de quebrarem devido à umidade da floresta). Inicialmente, a filmagem era feita pelos câmeras britânicos Chris Cox, Pascoe McFarlane e Jimmy Dibling, com os técnicos de som Albert Bailey e Godfrey Kirby, que voavam de Londres para trabalharem em turnos de cerca de três meses.  Mas, em 1982, tão logo nosso assistente de câmera brasileiro Vicente Rios, da Universidade Católica de Goiás, se acostumou com nosso estilo de filmagem, assumiu o trabalho com seu assistente, Auro Luz, e os técnicos de som Vanderlei de Castro, Rafael de Carvalho e Nélio Rios, da Universidade. A gravação foi num Nagra 4.2 usando fitas de ¼.

THE DECADE OF DESTRUCTION (A DÉCADA DA DESTRUIÇÃO) versão de 1984

THE SEARCH FOR THE KIDNAPPERS (NA TRILHA DOS URU EU WAU WAU)

O filme aborda a tentativa, do governo brasileiro, através da Funai, de fazer contato com a tribo, ainda desconhecida, dos Uru Eu Wau Wau. A tribo havia recentemente seqüestrado Fábio, de 7 anos, filho do colono Chico Prestes, e matado outros dois filhos dele. A expedição da FunaiI construiu um posto no planalto, bem no centro do território dos Uru Eu Wau Wau e, apesar dos freqüentes ataques dos índios, finalmente, em 1981, fizeram contato pacífico com eles.

A continuação deste filme é "The Fate of the Kidnapper" (O Destino dos Uru Eu Wau Wau), que integra a série de 1999, "The Last of the Hiding Tribes" (Os Últimos Isolados). Este filme acompanha o que aconteceu aos Uru Eu Wau Wau nos últimos 20 anos.

THE BLAZING OF THE TRAIL (O CAMINHO DO FOGO)

Filme sobre os colonos que estavam se estabelecendo no território dos Uru Eu Wau Wau. Os índios foram dizimados por epidemias e 60-80% deles morreram até o final da década. Contudo, para os colonos, não foi muito melhor. O solo ali era tão ruim que, após seis anos, 60% da terra que eles haviam desmatado e plantado, com tanto entusiasmo, já tinha sido abandonada.

IN THE ASHES OF THE FOREST (NAS CINZAS DA FLORESTA)

Vídeo apresentado por José Lutzenberger (considerado o pai do ambientalismo no Brasil) condenando o programa de colonização do governo. Ele levou sua campanha a Washington e se uniu aos esforços das ONGs internacionais, atacando o empréstimo do Banco Mundial ao Brasil para o projeto Polonoroeste.

O quarto filme desta série se divide em duas partes: "The Storms of the Amazon" (Tempestades da Amazônia) e "The Mechanics of the Forest" (A Mecânica da Floresta). No primeiro, Enéas Salati explica como a floresta amazônica gera 50% de sua própria chuva, o que significa que o desmatamento não somente reduzirá a quantidade de chuvas da Amazônia, mas também da região central do Brasil. Na segunda parte, o zoólogo Rob Bierregaard e a botânica Judy Rankin explicam os “mecanismos” da floresta e quantas espécies são interdependentes de outras espécies, para sua sobrevivência.

BANKING ON DISASTER (FINANCIANDO O DESASTRE)

Como o empréstimo de meio bilhão de dólares do Banco Mundial para o Projeto Polonoroeste, financiou parcialmente a destruição da floresta do oeste da Amazônia, no estado de Rondônia, e como o Banco foi finalmente forçado a admitir seu erro.

MOUNTAINS OF GOLD (MONTANHAS DE OURO)

A batalha entre violentos garimpeiros de ouro e a maior mineradora multinacional do Brasil, a Cia. Vale do Rio Doce, cujo território foi invadido por garimpeiros.

CHICO / I WANT TO LIVE (CHICO MENDES / EU QUERO VIVER)

Como Chico Mendes lutou para preservar as áreas da floresta habitadas por seringueiros. Ele criou a primeira “reserva extrativista” na floresta, área que estava sendo comprada por um fazendeiro, que finalmente o assassinou.

KILLING FOR LAND [MATANDO POR TERRAS]

As lutas pela terra entre grandes fazendeiros – respaldados por incentivos fiscais e empréstimos do governo – e os pobres e sem-terra cada vez mais agressivos, invadindo fazendas do sul do estado do Pará, na Amazônia. Em um conflito, três destes pobres sem-terra são assassinados pelos capangas do fazendeiro, mas, finalmente, os outros conseguem expulsar os capangas e ocupar as terras e a casa-grande da fazenda.  No segundo conflito, os capangas matam três invasores, inclusive um avô e seu neto de três anos de idade, e aterrorizam de tal maneira o resto dos invasores, que eles acabam fugindo. 

THE DECADE OF DESTRUCTION (A DÉCADA DA DESTRUIÇÃO) – versão de 1990

Uma versão atualizada, com remontagem da série sobre o aumento do desmatamento na década de 1980, retransmitida pela primeira vez no Channel 4 e na rede pública de TV PBS dos Estados Unidos, e depois em 60 outros países. A WGBH de Boston produziu uma versão com remontagem e regravação das vozes, para a Rede PBS americana.

THE DECADE OF DESTRUCTION (A DÉCADA DA DESTRUIÇÃO) – versão para sala de aula.

Esta série para escolas foi montada como seis episódios curtos, pela Nomad Films, para o World Wildlife Fund (WWF):

  • The Rainforest (A Floresta Tropical)
  • The Colonists (Os Colonos)
  • The Development Road (A Estrada para o Desenvolvimento)
  • The Indians (Os índios)
  • The Rubber Tappers (Os Seringueiros)
  • The Politicians (Os Políticos)
 

SÉRIE: THE LAST OF THE HIDING TRIBES (OS ÚLTIMOS ISOLADOS)

Produzido pela Nomad Films para o Channel Four.
Uma realização de Vicente Rios, com três câmeras Aaton, filmando em super-16 mm negativo colorido Eastman. Enquanto acompanhava longas expedições da FunaiI na floresta, Vicente usou camcorders leves, filmando em mini-DV. A gravação era feita em som M&S, por Adrian Cowell em fita DAT, com 2 gravadores TCD-D10 Pro da Sony, e 2 gravadores menores TCD-D7.   

A Fundação Nacional do Índio (Funai)reconhece mais de 50 áreas da Amazônia em que há evidências de índios não contatados: povos que fogem ou atacam ao avistarem um homem civilizado. Esta série acompanha, ao longo do século XX, a evolução da técnica brasileira de fazer contato com estas tribos e lidar conseqüentemente com epidemias contra as quais os índios não têm qualquer resistência, e com problemas sociológicos, psicológicos e culturais, que resultam na condução de muitas tribos à extinção. Usando algumas das filmagens anteriores destas tribos, a série acompanha três tribos, desde a  expedição para o primeiro contato até os dias de hoje.

RETURN FROM EXTINCTION (FUGINDO DA EXTINÇÃO)

A primeira expedição dos Villas Bôas à tribo dos Kreen-Akarore termina depois de terem entrado em suas aldeias e os índios terem se retirado para dentro da floresta.  Enquanto os irmãos Villas Bôas esperam que o grupo se aproxime deles, uma estrada está sendo construída pelo governo militar, e começa a cruzar o território Kreen-Akarore. Após vários conflitos, os Kreen-Akarore chamam Cláudio, do outro lado do rio, e parece ficar claro que estão morrendo de fome. Uma primeira epidemia de gripe havia arrasado a tribo e os sobreviventes estavam fracos demais para plantar. À medida que massas de garimpeiros e caçadores invadem o território Kreen-Akarore, o governo militar determina que os irmãos Villas Bôas se aposentem. Uma sucessão de jovens autoridades da Funai não inpede que os índios peçam esmolas de carros e ônibus na estrada. Eles levam consigo uma epidemia atrás da outra de volta para a floresta. Após dois anos, 80% deles haviam morrido e Cláudio retira os 79 esquálidos sobreviventes, de avião, levando-os para o Parque do Xingu, numa tentativa desesperada de salvar a tribo da extinção. O filme termina no final dos anos 1990, com a tribo revitalizada, com uma crescente população, voando de volta, para reivindicar os últimos 500 mil hectares de floresta virgem de seu território.

THE FATE OF THE KIDNAPPER (O DESTINO DOS URU EU WAU WAU)

A história dos Uru Eu Wau Wau, que seqüestraram o filho de sete anos de um colono, o que levou a Funai a organizar uma expedição, que, afinal, acabou fazendo contato com a tribo.  Gradualmente, surge a informação de que o seqüestro fora executado pelo grupo liderado pelo principal guerreiro da tribo, Tari, e que haviam matado o garoto de sete anos.  Depois, soubemos que a própria irmã de seis anos de Tari também havia sido seqüestrada por brancos e, quando finalmente encontrada, estava casada com um seringueiro brasileiro, seu próprio seqüestrador.  Nós a levamos de volta, junto com seu filho de 20 anos, para conhecer Tari e seu irmão Uapo. Enfraquecidos pela tuberculose e vivendo à sua própria sorte, eles haviam se tornado tristes relíquias dos homens, outrora magníficos, que desafiaram a expedição da Funai.

FRAGMENTS OF A PEOPLE (FRAGMENTOS DE UM POVO)

Em 1983, sobreviventes da tribo Avá-Canoeiro – três mulheres e um homem – foram contatados por um assentado da Serra de Mesa, Goiás. Eram os sobreviventes de um terrível massacre de sua aldeia, em 1962. Durante 20 anos, haviam ficado escondidos em cavernas, caçando silenciosamente, abortando seus filhos para que seu choro não denunciasse sua existência e roubando comida dos assentamentos. A Funai se encarregou de cuidar deles e, após alguns anos, a única mulher em idade fértil, Tuia, deu à luz um menino e uma menina. Porém, a não ser que outro grupo Avá-Canoeiro (que ao que se sabe ainda estaria escondido nas escarpas) possa ser contatado para fornecer parceiros em potencial para estas duas crianças, a tribo – descendente de escravos fugidos da outra temida tribo dos Carijó – estará fadada à extinção. O filme acompanha os esforços incessantes do Departamento de Índios Isolados da Funai, para encontrar o grupo desaparecido, antes que seu território seja inundado pela imensa represa de Serra de Mesa.

FILMANDO APÓS O ANO 2000

À medida que os orçamentos diminuíam, Vicente Rios filmava em fitas mini-DV, geralmente levando quatro camcorders para uma filmagem. Esses equipamentos eram particularmente vulneráveis à umidade. Diferentes camcorders paravam ou funcionavam em momentos imprevisíveis. Mas, embora às vezes três camcorders estivessem parados ao mesmo tempo, tivemos muita sorte de sempre ter o quarto camcorder funcionando. Geralmente, comprávamos o último modelo para cada produção e usávamos as três versões anteriores como reserva.

THE FATE OF THE DAMMED (BARRADOS E CONDENADOS)

O filme começa com a construção da quarta maior represa do mundo, Tucuruí, no Rio Tocantins e sua inauguração pelo Presidente Figueiredo, em 1985. Em seguida, o filme acompanha o desenrolar dos eventos sociais e ambientais durante os próximos 20 anos, até que termina com a criação de uma reserva extrativista para os pescadores que vivem nas ilhas da represa. Foi transmitida por primeira vez pela BBC World, na série "Earth Report".

A RANSOM FOR THE FOREST (UMA DÁDIVA PARA A FLORESTA)

A inauguração da estrada de ferro Carajás, para carregar minério de ferro para fora das minas, é o início deste filme, sobre as fábricas de ferro gusa ao longo da ferrovia de Carajás. Durante 20 anos, o carvão vegetal que elas consumiram e consomem ainda, causou o desmatamento de grande parte da área circundante e o preço internacional do ferro gusa não é suficiente para pagar o plantio de eucalipto, para continuar a fornecer carvão vegetal. Muitas destas fábricas de ferro gusa estão enfrentando seu fechamento, quando o início da campanha brasileira pelos créditos de carbono traz a possibilidade de ganharem verbas adicionais por plantarem florestas que retiram o carbono da atmosfera. Transmitida pela primeira vez pela BBC World na série "Earth Report".

THE FIRES OF THE AMAZON (QUEIMADAS NA AMAZÔNIA)

A crescente ameaça para a floresta amazônica, representada pelas plantações mecanizadas de soja, é acompanhada ao descermos a BR-163, que liga o Estado do Mato Grosso, rico em plantações de soja, ao novo porto graneleiro da Cargill, em Santarém. A pavimentação da estrada vai cortar os custos de exportação. As terras estão sendo compradas com tal velocidade na região de Santarém, que os agricultores e fazendeiros tradicionais se dão conta de que estão completamente cercados de fazendas mecanizadas de soja. Transmitido pela primeira vez pela BBC2, na série "Correspondent".

CHICO’ S DREAM (O SONHO DO CHICO)

Marina Silva colega de Chico Mendes; desde os anos de 1980 e atual Ministra do Meio Ambiente do governo do PT, explica neste filme como pretende proteger a floresta amazônica e implementar algumas das políticas de Chico.  Transmitido pela primeira vez pela BBC World, na série "Earth Report".

THE JUNGLE BEAT (BATIDA NA FLORESTA)

Durante um ano, o filme acompanha Walmir de Jesus, o diretor local do Ibama em Ji-Paraná, lutando contra o desmatamento ilegal praticado por madeireiros e fazendeiros na região leste de Rondônia. Quando seus fiscais são expulsos pelo povo da cidade madeireira de São Domingos do Guaporé, ele volta com a polícia e o exército e estabelece multas para os infratores de até 250 mil dólares. Isso o leva a uma confrontação amarga com a elite local, que tem deputados, um senador e um ministro em um dos partidos da base do governo. Transmitido pela primeira vez na BBC 2, na série "This World".

 

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